Por que gestores falham na liderança?

Marketing Zallpy
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Giovanni Bassani

Diretor de Negócios/Outsourcing da Zallpy

Estamos carentes de boas lideranças. Durante a nossa jornada de crescimento e conhecimento no universo corporativo nos deparamos com diversas oportunidades e certas vezes nos perguntamos se estamos realmente preparados. Esse frio na barriga é um passo importante, pois mostra responsabilidade, mas se você sentir que está 100% preparado para uma nova oportunidade, possivelmente já errou o timing de se aventurar em uma posição de liderança. Então aventure-se, mas com atenção aos próximos tópicos.

Que tipo de líder nos deparamos em muitas empresas?

Líder Herói: trabalha 20 horas por dia e acha normal. Os processos dependem totalmente da sua pessoa, já que não sente segurança em compartilhar o bastão e, assim, tem uma falsa sensação de domínio. Atua em todas as áreas: levanta a bola e cabeceia para fazer o gol. Faz proposta, negocia escopo, escolhe a equipe, conduz o hunting e, se sobrar tempo, faz um meetup para a equipe. Um dia essa conta chega.

Líder Comando/controle: pede para revisar o e-mail a ser enviado pela equipe. A cada 15 minutos, cobra um status da atividade. Não satisfeito, cobra em diversos canais - corporativo, pessoal, pombo-correio - e faz de tudo para impregnar o trabalho do time. Como está colocando muito tempo no microgerenciamento, não consegue dar vazão aos itens prioritários, gera um gargalo e nada evolui. Seu time possivelmente será robótico, só aceitam a posição por não ter algo melhor no mercado, ainda.

Líder Crachá: a equipe está sempre ferrada, trabalhando 120% e quando o bicho pega, o líder chama para uma reunião para pílulas de sabedoria. Desperdiça o tempo e a energia do time com coisas básicas e supérfluas que entram por um ouvido e saem por outro. Ou seja, o time segue trabalhando da mesma forma, pois não respeita a liderança. Esse gestor possivelmente vai fazer 3 horas de almoço, achando totalmente normal ou, no máximo, pede uma pizza para sua equipe (por telefone) já que não está presente nas atividades. Ao final do dia, ainda pede o relatório e apresenta sozinho para sua diretoria, forçando um mérito sem reconhecer a equipe. É, seus dias estão contados.

Líder de Guerrilha: adora uma sala de guerra. “O projeto está em crise, chama o fulano que ele vai arrumar a casa”. Coloca todo mundo numa sala, cobra responsabilidade, foco e acompanha de perto as atividades. Chegou atrasado e não deu retorno? Pede substituição. Tem vida pessoal? Pede substituição. Modelo entrega, só que dura 2 meses. Depois disso, o RH e o canal de conduta explodem e ele vai para um novo desafio. Sua empresa só funciona com sala de guerra? Atenção.

Líder serial killer: sua equipe pouco importa. Coloca um alvo em algum par ou superior e vai para o jiu-jitsu. Aponta falhas nos outros, sem fazer uma autoavaliação. Para o crescimento, não conta com os seus acertos, só com o erro alheio. Quer tumulto e assim vai subindo, estando preparado ou não. Campeão de não entregar iniciativa e jogar para o outro time. Dias depois, diz que o mesmo projeto falhou e pede a cabeça. Enquanto isso, seu time fica abandonado, possivelmente olhando o mercado.

O que podemos fazer para não cair no padrão que foi listado acima?

Independente do cargo, certas pessoas naturalmente exercem uma liderança dentro do grupo de trabalho. Precisamos de líderes positivos que sejam agentes de mudança dentro da empresa. Em um ambiente complexo em constante mudança, as atividades que fazemos hoje serão diferentes do próximo ano, e esse ciclo cada vez será mais curto pelo avanço da tecnologia. Ou seja, será necessária uma capacidade de adaptação e flexibilidade ainda maior de pessoas e processos. Caso contrário, sua entrega não será consistente e começa novamente o ciclo de mudanças.

Com certeza não tenho todas as respostas que gostaria. Diariamente, estamos aprendendo e tentando fazer melhor o nosso trabalho, com mais performance, mais engajamento e, claro, mais resultado. Mas acredito ser evidente que os itens abaixo são fundamentais para um bom clima organizacional facilitando o trabalho do time:

+Humano: muito se fala em gestão humanizada. Não temos como separar nosso pessoal do profissional. Sendo assim, precisamos nos preocupar com a vida das pessoas e tudo que for possível fazer para ajudar, faça. Isso terá reflexo direto nas atividades do dia a dia. Líder que não se preocupa com pessoas não é líder.

+Colaborativo: precisamos construir as soluções a quatro mãos, envolvendo a equipe nas decisões para buscar um objetivo comum. Sem esse sentimento, o clássico “top-down” vai funcionar somente com times apáticos ou pessoas robóticas. Nosso mundo corporativo não tem espaço para esse modelo. Já pensou em fazer uma reunião num café, coworking ou qualquer espaço diferente para sair da rotina? Você pode se impressionar com resultado...

+Propositivo: encoraje no dia a dia as pessoas a apresentarem melhorias nos processos, seja do seu time ou da empresa. Não estou falando em pesquisa de clima que roda uma vez por ano e colocam no final uma cafeteira na sala. Quanto mais o time é propositivo, mais ideias e melhorias teremos no processo. É melhor o seu time todo querendo melhorar, do que somente um gestor tentando implementar ideias, muitas vezes sem o real conhecimento da rotina. Quantas vezes vimos um gestor falar por uma hora, depois a equipe vira as costas e se segue fazendo da mesma forma? Opa, sinal de fumaça!

+Humilde: não acredito em liderança sem humildade. Líder no final das contas é um facilitador do time que busca um objetivo comum e tenta sempre que possível a construção de um consenso. Sim, nem sempre teremos um consenso e o líder deverá indicar um caminho a seguir, mas se errarmos, erramos juntos. Isso é fundamental para gerar confiança no ambiente.

+Comunicador: a informação deve ser compartilhada. As pessoas gostam de saber e participar da estratégia, para onde a empresa está indo, quais são as oportunidades num futuro próximo... Aquele clima de que tem mais informação rolando ou ficar sabendo por rádio corredor é reflexo de um sistema problemático. É papel do líder direcionar o time e dar visibilidade das ações corporativas ou qualquer mudança de estratégia do time. Compartilhe mais, reclame menos.

Você precisa ter ou dar autonomia, delegar para promover um ambiente seguro para troca de ideias, onde as pessoas se sintam engajadas e motivadas para cooperar, atuando com alta performance.

Fonte: Fórum Econômico Mundial
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